Lágrimas de uma Ébria

1 11 2008

Desconfio que o sentimento inerente ao ser humano não é o amor. É a consciência de si mesmo.

Podemos amar com fervor e em questões de segundos odiar de maneira repugnante a mesma e idolatrada pessoa. Basta uma palavra, um gesto, um sinal… Nada mais vale a pena, o abraço deixa de ser caloroso, o gosto do vinho parece agora muito mais amargo!

A fragilidade e suavidade do amor deixam de ter sentido e agora me parecem mesmo ridículas, o ódio me deixa mais forte, ao lado deste amante fiel encontro um verdadeiro escudo contra as amarguras propiciadas pelos sentimentos ditos “bons”.

O amor é loucura! Se fores cônscio de teus sentimentos, esconde-o! Nada ganharás a não ser o riso sarcástico de seu objeto de desejo. Sim! Objeto de desejo… Pois o amor é egoísta e não aceita dividir o seu território, teme a perda, sofre… Como sofre! E como chora… Ainda posso sentir a embriaguez dos sentidos e o coração apertado, me corroendo por dentro, querendo vazar, querendo gritar!

Não adianta tentares conte-lo. Ele certamente se voltará contra ti e irá gritar com mais força. Não há como contê-lo. Apenas como fazê-lo adormecer e cuidares sempre para que ele jamais acorde de seu sono profundo. Porque uma vez desperto ele se torna ainda mais perigoso, ainda mais sagaz e um sonhador indomável! Como um filete de água que escorre pelos muros úmidos de uma represa, um perigo sempre iminente…





Considerações sobre Paixões e Amores

1 11 2008

Hoje sei que sou completa. Às vésperas de começar a conquistar o mundo que sonhei, vejo o quanto fui forte todos estes anos. Adquiri a sabedoria de amar sem esperar nada em troca, apenas pelo prazer de senti-lo em mim. Pois a pessoa amada não tem a obrigação de me corresponder somente porque a amo! É muito fácil confundir uma paixão arrebatadora com amor, mas somente quem ama sabe distinguir as diferenças essenciais entre estes dois sentimentos.

A paixão nos impulsiona para os braços desejados, arrepia a nossa pele, o coração bate aceleradamente e a respiração fica ofegante. Está muito mais associada ao capricho e ao desejo do que à nobreza de sentimentos. É o sentimento mais inquietante que já conheci.

Já o amor… Ah… O amor… Este nos embriaga de uma maneira mais sutil, mais densa e muito mais profunda. Não nos deixa arrebatados de desejo e com a fúria da possessão quando não somos correspondidos, muito pelo contrário. É capaz de grandes sacrifícios, de matar ou morrer por aquilo que se sente. Quem ama perdoa os defeitos e enaltece as qualidades, não se incomoda com o frio do inverno e menos ainda com os espinhos da rosa.

Ele nos acalma e nos completa, nos faz sentir que somos melhores porque o sentimos verdadeiramente, sem esperar que o outro venha ficar ao nosso lado, sem aprisionar e sem ser aprisionado.

O verdadeiro amor é aquele em que o outro está ao nosso lado por livre e espontânea vontade, sem interesses, sem carências e sem a obrigação de ser o mais interessante ou o mais bonito. É apenas ele mesmo, sem máscaras.

Não diga “eu te amo” para provar o que sente. Não exija provas de amor.

Seja livre! Deixe livre! O amor se encarregará de mantê-lo próximo a você, mesmo quando ele estiver longe, muito longe… Terás a segurança de senti-lo em você e mesmo inconscientemente, saber se está tudo bem ou não.

Adquira a sabedoria de amar e então compreenderás que a paixão nos aprisiona e o amor nos liberta!