Lembro que assisti ao filme pela primeira vez motivada pela curiosidade com o título, depois fui tragada pela força da história e fiquei me perguntando: “Por que diabos aqueles dois que se amam de forma tão profunda não ficam juntos?”.
Era ainda muito nova para entender as entrelinhas, mas mesmo assim gostei do filme. Recentemente comprei o DVD e revisitei a história dos amantes amaldiçoados, desta vez compreendendo a real magnitude da obra. E como o livro estava na fila de leituras, resolvi mais uma vez permutar as prioridades e ler a obra prima de Emily Brontë.
Como é de se esperar em um romance, a forma como os personagens foram se desenvolvendo a cada fase da história, motivados por seus interesses e também pelo ambiente em que estavam inseridos, revela o quanto uma pessoa pode mudar seus hábitos, se adequando às situações. Um bom exemplo disso é a jovem filha de Cathy Earnshaw, que de suave e instruída passa a se comportar como um animal feroz e acuado, beirando a insensibilidade. Atitude natural quando é preciso se defender de um ambiente opressor.
Já Heathcliff, sempre silencioso e sombrio, nos mostra a face feroz do amor, capaz das mais sádicas ações para impor a todos sua dor.
Sua bela amada, Cathy Earnshaw se mostra sanguínea e pode até não ter o carisma de uma protagonista, mas me ganhou em uma cena repleta de lirismo, onde confessa o amor que sente por Heathcliff. Esta cena, que também é reproduzida no filme, é emblemática e comovente e marca o ponto onde suas escolhas começam a gerar efeitos.
A história não se limita aos desencontros dos amantes, relata em paralelo os caminhos das duas famílias (os Earnshaw e os Linton) entrelaçadas com habilidade pela frieza de Heathcliff que persegue seu objetivo vingativo obstinadamente. Neste ponto não defendo as ações de Heathcliff, mas a genialidade da autora em escrever um romance tão rico em carga dramática, com personagens densos, que se degradam psicologicamente em um ambiente de atmosfera hostil.
No livro há mais detalhes, contados de forma minuciosa pela criada Nelly, que ao longo dos anos serviu as duas famílias e conhece os protagonistas desde a infância. O leitor consegue perceber aos poucos a influencia de Heathcliff sobre os membros remanescentes dos Earnshaw até o desfecho, quando um sopro de ar renovado nos conduz às ultimas linhas desta bela história de amor, um amor capaz de desdenhar até mesmo da morte.
O Livro
BRONTË, Emily. “O morro dos ventos uivantes”
Tradução de Rachel de Queiroz.
São Paulo: Abril, 2010.
Título Original: “Wuthering Heights”.
448 páginas.
O Filme
Título no Brasil: O Morro dos Ventos Uivantes.
Título Original: Wuthering Heights.
País de Origem: Reino Unido / EUA.
Gênero: Drama.
Tempo de Duração: 102 minutos.
Direção: Peter Kosminsky.
Ultimos Comentários