O Morro dos ventos uivantes

14 06 2011

Cathy e Heathcliff

Lembro que assisti ao filme pela primeira vez motivada pela curiosidade com o título, depois fui tragada pela força da história e fiquei me perguntando: “Por que diabos aqueles dois que se amam de forma tão profunda não ficam juntos?”.

Era ainda muito nova para entender as entrelinhas, mas mesmo assim gostei do filme. Recentemente comprei o DVD e revisitei a história dos amantes amaldiçoados, desta vez compreendendo a real magnitude da obra. E como o livro estava na fila de leituras, resolvi mais uma vez permutar as prioridades e ler a obra prima de Emily Brontë.

Como é de se esperar em um romance, a forma como os personagens foram se desenvolvendo a cada fase da história, motivados por seus interesses e também pelo ambiente em que estavam inseridos, revela o quanto uma pessoa pode mudar seus hábitos, se adequando às situações. Um bom exemplo disso é a jovem filha de Cathy Earnshaw, que de suave e instruída passa a se comportar como um animal feroz e acuado, beirando a insensibilidade. Atitude natural quando é preciso se defender de um ambiente opressor.

Já Heathcliff, sempre silencioso e sombrio, nos mostra a face feroz do amor, capaz das mais sádicas ações para impor a todos sua dor.

Sua bela amada, Cathy Earnshaw se mostra sanguínea e pode até não ter o carisma de uma protagonista, mas me ganhou em uma cena repleta de lirismo, onde confessa o amor que sente por Heathcliff. Esta cena, que também é reproduzida no filme, é emblemática e comovente e marca o ponto onde suas escolhas começam a gerar efeitos.

A história não se limita aos desencontros dos amantes, relata em paralelo os caminhos das duas famílias (os Earnshaw e os Linton) entrelaçadas com habilidade pela frieza de Heathcliff que persegue seu objetivo vingativo obstinadamente. Neste ponto não defendo as ações de Heathcliff, mas a genialidade da autora em escrever um romance tão rico em carga dramática, com personagens densos, que se degradam psicologicamente em um ambiente de atmosfera hostil.

No livro há mais detalhes, contados de forma minuciosa pela criada Nelly, que ao longo dos anos serviu as duas famílias e conhece os protagonistas desde a infância. O leitor consegue perceber aos poucos a influencia de Heathcliff sobre os membros remanescentes dos Earnshaw até o desfecho, quando um sopro de ar renovado nos conduz às ultimas linhas desta bela história de amor, um amor capaz de desdenhar até mesmo da morte.

O Livro

BRONTË, Emily. “O morro dos ventos uivantes”

Tradução de Rachel de Queiroz.

São Paulo: Abril, 2010.

Título Original: “Wuthering Heights”.

448 páginas.

O Filme

Título no Brasil: O Morro dos Ventos Uivantes.

Título Original: Wuthering Heights.

País de Origem: Reino Unido / EUA.

Gênero: Drama.

Tempo de Duração: 102 minutos.

Direção: Peter Kosminsky.





O Jogo do Eu

6 09 2010

Um livro que propõe de forma lúdica um dos caminhos para o autoconhecimento. Assim pode ser definido “O Jogo do Eu”, de R. D. Silva, livro em formato diferenciado (suas páginas são soltas), contendo exercícios propositalmente pensados para fazer refletir, conhecer e despertar a criança interior dos leitores.

Comprei motivada pela curiosidade de conhecer a proposta do autor e gostei bastante. Transcrevo aqui cinco exercícios realizados, que talvez sirvam de inspiração aos que se sentirem tentados a se conhecer melhor.

1) Faça!

Comece hoje algo que você está adiando há tempos. Tome aquela decisão que você receia e vem protelando. Acabe e algo que foi começado, mas nunca concluído. Defina uma situação que vem se perpetuando.

Para concluir este exercício refleti sobre tudo o que tenho pendente e decidi “atacar” apenas a parte literária, por enquanto. Fiz um planejamento de conclusão de cada um dos meus projetos literários e assim surgiu o projeto Alpha, cujo objetivo é reescrever uma versão melhorada de todos os meus romances. Baita exercício de aprendizagem e quem sabe no embalo não aparece um livro que mereça ser publicado?

2) Perceba a sua Pequenez

A humildade geralmente é associada à pobreza ou à submissão. Na realidade é a consciência da real dimensão de si mesmo. Somos vaidosos, atribuindo importância exagerada ao nosso ser. Pense na dimensão do universo, na quantidade de galáxias, na dimensão de nosso planeta perante nossa galáxia e de si mesmo perante o planeta. Lembre-se de que a distancia que separa o mais sábio dos homens do mais parvo é irrisória perto do que ambos desconhecem. Você consegue perceber qual dos micróbios em sua mão é o mais ilustre?

Da reflexão deste exercício fica a certeza de que Sócrates (não o jogador e sim o filósofo grego) sabia o que dizia quando falou: “Só sei que nada sei!”.

Preciso dizer mais?

3) Recorde uma experiência de sua vida que foi ruim na época e que hoje parece engraçada.

Rir de si mesmo é uma das maiores virtudes do ser humano. Recorde uma destas ocasiões e conte para seus amigos, rindo sinceramente.

Serve o dia em que achei que iria morrer por ter engolido um caroço de limão? Eu tinha seis anos e me lembro até hoje do meu desespero, que passou assim que o dia amanheceu e eu estava lá, vivinha!

4) Faça Ginástica

Hoje você deve arrumar um tempo para se dedicar a algum tipo de atividade física. Pratique um esporte, faça ginástica, yoga, natação ou simplesmente dê uma longa caminhada. Durante a atividade observe o comportamento do seu corpo, sinta seus ritmos, como a respiração, o batimento cardíaco e o fluxo do sangue em suas veias e artérias. Sue um pouco, mas não se violente. Identifique seus limites e respeite-os.

Uma longa caminhada já faria efeito, mas além dela a vivência do yoga é excelente para a percepção do nosso corpo. Os exercícios de respiração e meditação que acompanham a prática nos fazem perceber o quanto corpo, mente e espírito estão interligados. Aqui entendi que a consciência dos próprios limites é uma base forte para seguir adiante.

5) Cante uma canção do começo ao fim

Se você não sabe a letra pode lê-la, mas cante repetidas vezes até decorá-la.

Escolhi a música “Pista de Dança” da Adriana Calcanhotto, cuja letra pode ser lida (ou ouvida) aqui.

E cantarolando me despeço, ainda tenho um livro inteiro para ler! 😉