Nostalgia

25 02 2010

Escrita

Escrever é preciso. Para não enlouquecer, para refinar as idéias, para desabafar. Exercício altamente recomendado por psicanalistas aos seus pacientes e por professoras sensatas aos seus aluninhos.

Faço parte do segundo grupo, mantenho o hábito de escrever desde os primórdios. Comecei rabiscando as letras do alfabeto nos cadernos de receitas da minha mãe. Na época renderam muitas broncas, mas hoje ela guarda estes cadernos rabiscados como relíquia da minha infância.

Mais tarde encontrei no sótão um antigo livro de poesias do Castro Alves, obra completa. A menina de seus dez anos não entendia um terço do que lia naquelas páginas e ficava horas procurando o significado no dicionário. Depois reescrevia tudo com as palavras que compreendia.

Mas e as rimas?

Não importavam, o objetivo naquele momento era entender a mensagem do autor.

Depois vieram as recomendações de leitura da série Vagalume, foi quando conheci Marcos Rey e Pedro Bandeira. Agora não me contentava em apenas ler, tinha que eu mesma criar as minhas histórias mirabolantes e foi o que fiz aos doze anos.

Há pouco tempo encontrei todos os diários desta época e os originais do meu primeiro “romance”, se é que se pode chamar assim uma história fantasiosa de criança. Foi maravilhoso relembrar alguns momentos, pessoas que inspiraram meus primeiros personagens, links há muito esquecidos.

Um exercício saudável para reafirmar o poder da escrita, principalmente para os que também escrevem.

Por quê?

Mesmo após anos e anos, relendo os diários recordei cenas e momentos como se os tivesse revivido na mesma proporção.

Hoje os sentimentos expostos nos textos são diferentes, não mais verdadeiramente inocentes, sempre acompanhados de uma pitada de malícia ou alguma idéia implícita.

É o preço da vivência, do tempo que inexoravelmente passa, substituindo a ingenuidade pela palavra certa, afiada e premeditada para causar algum sentimento em quem lê.

Muitos chamam de técnica, eu de amadurecimento literário.

E assim, continuo exercitando, mesmo com textos que jamais serão lidos por outros olhos além dos meus. São textos que daqui a alguns anos proporcionarão outros momentos nostálgicos. E assim sucessivamente.


Ações

Informação

4 responses

27 02 2010
Luiz

Escrita e reflexão andam de braços dados como duas comadres que se divertem com o alheio!

É uma fofoca que sai-e-logo-volta do (e para) o sujeito que a faz em notas.

A riqueza dos detalhes percebidos e transcritos se transforma na riqueza interior dos escravos masoquistas da escrita!

Não é escolha: é uma sina!!

Mas é uma sina que ensina… uma reflexão impossível a qualquer um que não seja mais que um mero espelho 😦

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2 03 2010
Luciana Muniz

Concordo! Talvez por isso a maioria dos escritores tem duas características básicas: o poder de observação e a mente (levemente?) atormentada pelas reflexões que a escrita inexoravelmente causa.
É boa a sensação de olhar (e ser compreendida pelo) para o espelho. 😉

Bjitos e obrigada pela visita! 😀

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28 02 2010
Átila Oliveira

Olá moça. Acabo de descobrir o seu blog. Aproveito para dizer que gostei bastante e elogiar a maneira ao mesmo tempo direta primosa com a qual escreve. E faz muito bem em continuar exercitando-se. Se quer um conselho de alguém suavemente mais velho: não pare…rs Beijos.

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2 03 2010
Luciana Muniz

Olá Átila!

Legal te ver aqui pelo meu blog, agradeço os comentários!
Aqui é assim: Comentários, dicas, curiosidades, palpites, críticas e sugestões são bem vindos! 😉
Puxe uma cadeira e fique a vontade!

Bjitos

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